Adoção não é caridade
Uma coisa que escuto quase
sempre que conto para alguém que estou adotando uma criança é:” Nossa, que
gesto maravilhoso!”, “Parabéns pela iniciativa!” ou outros comentários que
levam a entender que estou fazendo uma caridade, uma boa ação. Na verdade, acho
muito importante explicar que adoção não é caridade. A pessoa que adota não
está fazendo uma boa ação como a de quem distribui cestas básicas ou ajuda
moradores de rua. A adotante está tendo um filho. A criança adotada está
realizando o sonho da mãe. As duas estão tendo “boas ações”: a mãe porque se
doa e muda toda a vida para cuidar do filho, e este, porque realizou o maior
sonho da mãe. É uma via de mão dupla.
Talvez muitos não saibam, mas o processo de adoção até a
habilitação para adotar é extremamente longo e burocrático. São listas de
documentos atualizados, fotos de cada ambiente da casa com as descrições,
laudos de sanidade física e mental, atestados de tudo quanto é coisa. Depois
disso vem os cursos obrigatórios, visita em casa, entrevistas, muitas, ou seja,
é muita coisa para alguém que decide simplesmente fazer uma caridade, uma boa ação.
Entendo perfeitamente que esta seja a primeira ideia que a
maioria das pessoas têm, porque a adoção ainda não é uma coisa muito comum, por
isso achei importante deixar aqui esse registro.
Maria está realizando meu sonho. Vamos juntas aprender a ser
mãe e filha e quem sabe um dia, juntas, façamos trabalhos de caridade para os
que precisam. Caridade como ação rápida, passageira e sem vínculo entre as
pessoas.
“Adoção é fé. A certeza
daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos” (Keslle Lima)
Comentários
Postar um comentário