Nem tudo são flores


 Hoje quero falar do medo. Sim, o medo que arrebenta o coração de vez em quando. Sei que mulheres grávidas têm medo: do parto, de o bebê ter algum problema no nascimento, mas o medo da adotante é diferente; não temos medo de a criança ter alguma doença, porque já escolhemos isso no perfil. Sabemos que sempre pode acontecer, mas esse se torna nosso menor problema. Temos medo de todo o resto, medo de ficar doente e de a juíza não entregar os nossos filhos. Isso é muito difícil de assimilar, porque no coração da gente, a criança já existe e já é nossa. Estamos apenas a espera que a juíza  nos devolva o que sempre foi nosso; medo de demorar muito tempo e o corpo e a mente não aguentarem, a mente principalmente, porque a cada dia de espera, ela se perde um pouco mais, chega um momento em que já não sabemos mais há quanto tempo esperamos, nem o que temos pela frente. Medo de estar perto de um bebê, sei que esse parece o medo mais absurdo de todos, mas não, é bem real. Quando estamos diante de uma mãe com seu bebê, o coração aperta mais, não sabemos quando seremos nós e os nossos. Mas como se eles já existem e já os sentimos conosco? É uma equação sem resultados. Não conseguimos entende-la. Só conseguimos sentir o ar faltar nos pulmões, alguma coisa passar rasgando o coração, aí então, tentamos controlar a respiração e rezar, mesmo quem nunca acreditou em nada nessa hora tem fé, porque só nos resta entregar e pedir que Ele nos ajude. Depois de um tempo adormecemos para mais um dia....






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